Quando a Águia Manda, o Verde-Amarelo Obedece

Este texto é um tributo à comemoração da independência dos EUA no dia 07 de setembro de 2025, em plena Avenida Paulista, em São Paulo

Quando a Águia Manda, o Verde-Amarelo Obedece

Eu acho que seria muito mais “inteligente” ao Brasil entregar logo suas riquezas minerais aos EUA, suas terras, a Amazônia, mudar a cor da bandeira ou talvez até adotar a bandeira americana.

Vamos trocar o nome das nossas mães e irmãs de Maria para Marie, dos nossos pais e irmãos de João para John.

Vamos mudar também o nome do Brasil. Que tal United States of América do Sul? Ou talvez apenas “Nova Flórida”? Daria até para estampar isso nos passaportes verdes, que agora poderiam ser azuis com a águia estampada no meio, substituindo o brasão da República. Já pensou que lindo? Entrar nos fóruns internacionais com uma bandeirinha dos EUA bordada na lapela, orgulhosos da nossa rendição.

Em vez de Itamaraty, teríamos um Department of State – South American Branch, onde diplomatas brasileiros poderiam se especializar em apertar mãos de senadores americanos e pedir autorização para pensar. Afinal, política externa independente é coisa de comunista ou de países que ainda acreditam em dignidade nacional.

Nossos livros escolares poderiam ser adaptados. A história do Brasil? Que bobagem! Vamos ensinar desde cedo que a verdadeira independência aconteceu em 4 de julho de 1776 e que Dom Pedro I foi só um tropeço no caminho do destino manifesto. A Independência de 1822 seria rebaixada a “ato de rebeldia contra os interesses do Ocidente”.

A base de Alcântara? Já é praticamente deles. Falta só mudar a placa na entrada para “U.S. Space Command – Maranhão Division”. O português? Um obstáculo à integração total. Melhor instituirmos o inglês como idioma oficial. Assim, ao invés de “bom dia”, diremos “good morning, sir” com a devida reverência, sem esquecer de olhar para baixo e sorrir.

Nas escolas, as crianças poderiam jurar lealdade à bandeira americana todas as manhãs, como fazem os coleguinhas do Norte. Que tal substituir o Hino Nacional por The Star-Spangled Banner? Afinal, ninguém se emociona mais com “rocket’s red glare” do que certos brasileiros em Washington.

O SUS? Um erro socialista. Teríamos o Brazilian Medicare Pilot Program, com atendimento via cartão de crédito e cobrança em dólar. Saúde pública é coisa de país subdesenvolvido. Os mais patriotas se tratariam em Miami ou Houston, para garantir a pureza do sistema.

A Amazônia, claro, seria rebatizada de “Green Oxygen Belt of the Americas”. Uma reserva internacional gerida por ONGs com a supervisão de generais americanos, afinal, ninguém protege melhor a floresta do que quem mais lucrou com a sua devastação global.

E que se dane a soberania energética, mineral, alimentar. O lítio do Vale do Jequitinhonha? Melhor deixar nas mãos de empresas americanas, afinal, eles sabem explorar sem explorar (ou assim dizem). O potássio da Amazônia? Só com selo de aprovação do Pentágono.

De que adianta um país ter riquezas se não sabe usá-las com dignidade? Melhor entregá-las a quem tem “experiência”. Os royalties do petróleo? Que tal transferir direto para o Tesouro americano como pagamento da nossa eterna dívida moral por termos ousado pensar diferente em algum momento da história?

A mídia? Já quase é deles. Falta só formalizar a editoria “Interesses Americanos” nos jornais e nas novelas. Um brasileiro de verdade precisa saber quem são os heróis da política externa norte-americana, suas esposas, seus cachorros, seus escândalos. E esquecer do próprio país.

As Forças Armadas? Deveriam ser um anexo da OTAN. Com treinamento direto no Texas, juramento à Constituição americana e foco em missões que agradem à Casa Branca. Soberania militar é coisa de país problemático.

E no fim, ao olharmos para tudo isso, talvez tenhamos a coragem de perguntar: que país é este que se diz soberano na sua Constituição e se dispõe a esmurecer diante de qualquer ameaça estrangeira, como se fosse natural ajoelhar para garantir migalhas?

A resposta, infelizmente, ecoa nas atitudes de muitos: é o país que aprendeu a admirar o colonizador, mesmo séculos depois da “independência”. É o país onde o complexo de vira-lata ainda late alto, e onde a esperança de uma postura altiva parece, por vezes, apenas mais uma utopia tropical.

Este texto é um tributo à comemoração da independência dos EUA no dia 07 de setembro de 2025, em plena Avenida Paulista, em São Paulo, onde uma grande bandeira americana foi exposta!