David Almeida dá sinais de que pode disputar o governo do Amazonas em 2026

Ele tem recebido prefeitos, ex-prefeitos e lideranças do interior em encontros discretos, preparando terreno para 2026

David Almeida dá sinais de que pode disputar o governo do Amazonas em 2026

A sucessão estadual de 2026 começa a ganhar contornos, mesmo que o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), insista em negar que será candidato, seus movimentos já projetam outro cenário. Ele foi reeleito em 2024 com o apoio decisivo dos senadores Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB), que não apenas lhe garantiram sustentação política, mas também ajudaram com articulações em Brasília e na Câmara Municipal de Manaus. A criação e o fortalecimento da Secretaria de Habitação, bancada por emendas federais e pelo programa Minha Casa, Minha Vida, são exemplos diretos dessa aliança. Foi a partir dessa base que David consolidou sua liderança política na capital.

Agora, no entanto, o prefeito dá sinais de que sua ambição vai além de Manaus. Ele tem recebido prefeitos, ex-prefeitos e lideranças do interior em encontros discretos, preparando terreno para 2026. Um episódio simbólico dessa estratégia foi a nomeação do ex-prefeito de Autazes, Andreson Cavalcante, para a vice-presidência da Ageman. A escolha teve aval do secretário de Limpeza Pública e ex-deputado estadual, Sabá Reis, homem de confiança de David e com raízes políticas em Autazes, já tendo inclusive disputado as eleições municipais da cidade. A posse de Andreson contou com presença de aliados locais e foi interpretada como um gesto que mira não apenas a gestão municipal, mas também a costura de alianças no interior.

Essas movimentações reforçam a leitura de que David, mesmo sem assumir publicamente, já age como pré-candidato ao governo. E é nesse contexto que surge a figura de Jesus Alves, secretário de Habitação e presidente municipal do MDB. Oficialmente, ele é a ponte entre a gestão de David e Eduardo Braga, que foi quem articulou a recriação da pasta e destinou emendas para sua manutenção. Na prática, no entanto, Jesus tem se colocado como articulador de apoios no interior e, ao fazer isso, expõe contradições.

Ele levou até o prefeito nomes como Brenna Dianná, em Parintins, e Harben Avelar, em Coari, ambos derrotados nas eleições municipais, mas com base política expressiva. As agendas foram registradas em suas redes sociais, o que reforça a leitura de que Jesus busca projetar-se como operador político além da secretaria. Tanto Brenna quanto Harben chegaram a se comprometer a apoiar David em uma eventual candidatura ao governo e a disputar, em 2026, uma vaga de deputado pelo Avante, ampliando assim a rede de apoios construída pelo prefeito. A dúvida é se Jesus faz isso a mando de Eduardo Braga ou se age por conta própria. Se cumpre ordens do senador, reforça a hipótese de que MDB e Avante caminham juntos novamente em 2026. Se age sozinho, arrisca desgastar a confiança de Braga e manchar sua própria credibilidade ao dar sinais de que joga em dois lados.

A credibilidade de Jesus é o ponto que hoje mais levanta questionamentos dentro e fora do MDB. Para parte da base de Eduardo, soa como um movimento paralelo que enfraquece a lealdade partidária. Para aliados de David, soa como alguém que tenta se projetar acima do que lhe foi delegado. No fim, ele corre o risco de ser visto não como articulador de confiança, mas como uma figura de duas caras, que usa o espaço que ocupa para ganhos próprios.

Enquanto isso, David segue reforçando sua rede de alianças. Com o peso dos apoios de Omar e Braga no passado e com a presença de nomes estratégicos como Sabá Reis em sua engrenagem, o prefeito trabalha em silêncio para expandir sua influência. Mesmo sem admitir, tudo aponta para um movimento claro de preparação, que deixa aberta a porta para sua candidatura ao governo do Amazonas em 2026.