AmazonPrev investiu R$ 50 milhões em créditos bomba no Banco Master
Créditos comprados pela AmazonPrev junto ao Banco Master, comprometem o futuro dos servidores estaduais
O escândalo que já vinha crescendo em torno da AmazonPrev explodiu de vez após a prisão do empresário Daniel Vorcaro, dono do liquidado Banco Master — instituição agora no centro de uma investigação sobre um esquema criminoso de R$ 12 bilhões. E esse estouro pega em cheio o Governo do Amazonas: a previdência estadual investiu R$ 300 milhões em bancos digitais entre junho e setembro de 2024, sendo R$ 50 milhões justamente no Master, o único envolvido na polêmica atual. Todo esse dinheiro está agora sob risco real de desaparecer. A situação se agravou tanto que até o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) entrou em cena. Em 27 de outubro, o TJAM anunciou a criação de um grupo de trabalho para avaliar os impactos dos investimentos irregulares da AmazonPrev e a situação dos fundos previdenciários administrados pela instituição. O tribunal deixou claro que os aportes geraram preocupação interna, especialmente pela falta de transparência e pela possibilidade de rombo financeiro que agora assombra servidores e magistrados. Na prática, o Judiciário foi obrigado a agir porque o governo não deu respostas. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Justiça (Sintjam), os investimentos foram feitos sem autorização colegiada, sem análise formal de risco e em instituições não credenciadas, violando regras básicas de governança. Para piorar, o diretor-presidente da AmazonPrev ainda não apresentou comprovantes da operação. Há suspeita de que parte dos investimentos sequer tenha sido realizada — um indício gravíssimo que reforça a necessidade de investigação urgente pelo MP-AM e MPF.

A presença de um dirigente com forte lastro político comandando a previdência estadual — e tomando decisões de alto risco sem controle — transformou o que deveria ser uma gestão técnica em uma bomba-relógio. Agora, com o colapso do Banco Master e a liquidação extrajudicial definida pelo Banco Central, o Estado corre o risco de perda quase total dos valores investidos acima do limite garantido pelo FGC. Com o Master for a do Sistema Financeiro Nacional, os R$ 250 milhões da AmazonPrev no banco não estão protegidos, já que o Fundo Garantidor cobre apenas até R$ 250 mil por instituição — uma gota num oceano de irresponsabilidade. E enquanto os servidores se perguntam "onde foi parar o dinheiro da aposentadoria?", o governo mantém um silêncio que só aumenta a sensação de abandono e descaso. O resultado é devastador: a maior reserva financeira do Estado — construída com o suor de quem dedicou décadas ao serviço público — foi colocada em risco extremo por escolhas políticas, falta de transparência e um gerenciamento que ignorou todas as regras de segurança.